quinta-feira, 31 de julho de 2014
quarta-feira, 30 de julho de 2014
esta lua não é para tímidos
Aqui no Ribatejo
profundo, onde não chegam os postes da PT, chega-nos todos os meses a lua
cheia. Felizmente este satélite, o único satélite natural da Terra, ainda não
depende da lógica economicista de nenhuma multinacional. E não é preciso fazer
nenhum contrato de fidelização para a ver agigantar-se de tal forma que ilumina
tudo. Cada árvore, cada arbusto, cada flor mais insignificante, tem a sua
sombra, como numa noite americana*. Os morcegos fazem-nos tangentes, talvez
ofuscados com tanta luz. Ouve-se o piar dos mochos, o zunir das melgas o latir
dos cães e o coaxar de rãs no charco que ainda sobra do ribeiro. Mas não se
ouve o mais belo canto nocturno, o do rouxinol. Isto deixa-me intrigada. Uma
ave que canta e encanta noutras noites, fecha literalmente o bico, nas noites
de lua cheia. Fui investigar. Sendo uma ave tímida, que se esconde no meio da
vegetação e que raramente se deixa ver, os rouxinóis não conseguem passar
despercebidos nas noites de luar e por isso calam-se. Os machos cantam
regularmente à noite para atrair parceira. Mas não nas noites de lua cheia.
Esta lua não é para tímidos. A corte fica para outras noites menos reveladoras.
Que fique aqui bem claro, para os ornitólogos que me possam estar a ler, isto
não tem qualquer fundamento científico, baseia-se apenas na observação empírica
de alguém que gosta de arregalar a vista e tentar perceber o funcionamento do
universo que a rodeia, e por universo entenda-se o seu quintalinho.
*A noite
americana refere-se a uma técnica especial de fotografia, muitas vezes
utilizada no cinema, em que as cenas filmadas durante o dia, sob a luz do sol,
parecem passar-se durante a noite, sob a luz da lua.
segunda-feira, 28 de julho de 2014
postes e posts
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A poucos dias de ser a blogger convidada do Lifecooler, e partindo do princípio que algumas pessoas vão entrar no quimaterapia pela primeira vez, convém esclarecer algumas questões. A primeira é talvez o nome do blogue, que nada tem a ver com terapias utilizadas no tratamento de doenças cancerígenas. Quimaterapia surgiu como um trocadilho com os nomes Quim, diminutivo de Joaquim, meu marido, e Marta, eu. O blogue e o que nele publicava em 2007, quando o iniciei, eram trabalhos que nos serviam de terapia. Uma forma de fugir à rotina do dia-a-dia. A segunda questão são os parcos posts. Um recém chegado pode achar o blogue escasso em conteúdos. Uma blogger que se preze não tem meses com apenas dois posts. O motivo não é preguiça, nem falta de assunto. É mesmo falta de rede.
A poucos dias de ser a blogger convidada do Lifecooler, e partindo do princípio que algumas pessoas vão entrar no quimaterapia pela primeira vez, convém esclarecer algumas questões. A primeira é talvez o nome do blogue, que nada tem a ver com terapias utilizadas no tratamento de doenças cancerígenas. Quimaterapia surgiu como um trocadilho com os nomes Quim, diminutivo de Joaquim, meu marido, e Marta, eu. O blogue e o que nele publicava em 2007, quando o iniciei, eram trabalhos que nos serviam de terapia. Uma forma de fugir à rotina do dia-a-dia. A segunda questão são os parcos posts. Um recém chegado pode achar o blogue escasso em conteúdos. Uma blogger que se preze não tem meses com apenas dois posts. O motivo não é preguiça, nem falta de assunto. É mesmo falta de rede.
Vou-vos contar um
segredo. Não digam a ninguém, até porque ninguém iria acreditar e poderiam
passar por tolos. Para falar ao telemóvel tenho que sair de casa. É verdade que
é mais complicado no Inverno, com chuva e frio, mas no Verão também não é
fácil, andar de telefone na mão à procura de rede, mais a Sul, mais a Norte,
conforme está o vento. Para ter internet, o filme torna-se ainda mais cómico,
ou melhor, trágico-cómico. Tenho um cabo USB de três metros em que uma
extremidade entra no portátil (um eufemismo, uma vez que não o posso tirar do
mesmo lugar) e na outra coloco a pen,
bem protegida do sol e da chuva com um saco de plástico, e atiro-o,
literalmente para o telhado. Começa a pesca. Se o mar estiver de feição consigo
uma pescaria de três tracinhos, se não recolho ao cais de convés vazio. É o que
acontece com maior frequência, daí os poucos posts.
Agora estão vocês a pensar "mas porque raio não instala
ela um telefone fixo com internet?" A pergunta é simples, mas a resposta é
muito complicada. O pedido foi feito à PT há quatro anos, e já tem mais
episódios que uma novela da TVI. Ao que parece são necessários seis postes para
trazer a rede fixa até aqui. Em tempo de vacas gordas a PT não olhava a gastos
e instalava um telefone fixo em qualquer ermo. Mas esse tempo já lá vai. E,
agora, a empresa que apregoa que a instalação é gratuita para o cliente,
diz-nos que não pode satisfazer o pedido porque não há infra-estrutura.
"Quer desistir do pedido?" pergunta a menina do outro lado do
telefone. E eu, lá no alto do monte, respondo "NÃO". Afinal a
esperança é a última a morrer.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
matéria-prima
Ai a alfazema. Perfumada, bonita, com propriedades calmantes e, fiquei a saber recentemente, através da crónica semanal do Miguel Esteves Cardoso no Público, também repelente de moscas e traças. Por cá floresce no jardim e é matéria-prima para a maioria dos meus trabalhos e para bons chás.
domingo, 6 de julho de 2014
opostos bem dispostos
“Ele diz coisas tão magras tão magras, que ela quase morre de fome ao ouvi-lo. Ela espera herdar uma fortuna e peras, ele encolhe os ombros e come maçãs. (…) Ela encara sempre as coisas de frente, ele vê sempre as coisas pelo outro lado. (…) Enquanto ele procura não ser como ela, ela encontra forma de evitar ser como ele.” Eugénio Roda in Contra Dizeres.
sábado, 5 de julho de 2014
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